sexta-feira, 19 de março de 2010

Armário

O tempo não pára e também não faz milagres, no máximo ameniza algumas coisas.
Arrumando um armário, pela milionésima vez, achei algumas coisas que me trouxeram boas recordações, mas com elas veio uma saudade indescritível. Lembrei-me da primeira vez que mexi nesse mesmo armário para limpar, como eu não gostaria de ter que fazer isso, e como eu também não gostaria que outra pessoa o fizesse.
Achei papéis, escritos por mim, que preferi não reler. Achei tanta coisa perdida ali dentro... Acho que no fundo acabei me perdendo por ali algumas horas, sorrindo, sentindo saudades, me xingando por guardar tanta coisa... No final fica uma sensação boa, mas uma saudade...
O armário guarda em si recordações de muitas coisas vividas. Recordações que eu mesma fiz questão de guardar, e talvez propositalmente esqueci. Talvez pra ter o prazer de um dia lembrar, talvez por não querer lembrar por um bom tempo.
Me desfiz de algumas, outras preferi manter. Jogar fora não elimina toda lembrança. O cérebro faz questão de armazenar e não permite arrumações como as do armário. Os vestígios do que é mandado para o incosciente estão visíveis nos olhos, no sorriso, na alma, no comportamento, na fala... Cansou de ficar esquecido, escondido. Quer se mostrar. Não há como impedir ou controlar. É a voz da alma.

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